terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Entre Rios: Cristina Resende faz ressalva ao assinar termo de posse

Em cerimônia de posse realizada na manhã de hoje, 1, a prefeita de Entre Rios de Minas, Cristina Resende fez uma ressalva ao assinar o Termo de Posse. Cristina alegou que a comissão de transição por ela indicada não teve acesso à relação atualizada de bens patrimoniais da prefeitura municipal. Durante o ato, ela deixou clara a resistência por parte da administração Mário Alves de Andrade.

Em seu discurso, Cristina falou da sua relação com Entre Rios de Minas, iniciada a partir do seu casamento com o empresário do setor de rodeios, Paulo Miranda de Resende, falecido em 2010. Ela manifestou seu interesse em se candidatar à prefeitura pela primeira vez em 2004, indicada ao Partido Progressista pelo seu cunhado e ex-prefeito, Luiz Miranda de Resende. A prefeita sofreu duas derrotas consecutivas nas eleições de 2004 e 2008.

“Demorei 8 anos para entender a minha primeira derrota. Hoje sei que o povo confia em mim, pela minha persistência”, disse. A prefeita destacou a sua condição de primeira mulher a assumir a prefeitura de Entre Rios de Minas e agradeceu ao provedor do Hospital Cassiano Campolina, Afonso Miranda de Resende, a parceria pela sua vitória.

Secretariado

Cristina apresentou pela primeira vez o seu secretariado durante o seu discurso de posse. Para o cargo de Secretário de Administração, foi indicado o seu braço direito na campanha, João Eduardo Resende Maia. A Secretaria de Finanças ficou a cargo de Rosamélia Teixeira Rocha. A pasta de Saúde será de responsabilidade do ex-secretário de Conselheiro Lafaiete, Paulo Jorge Vieira.  A professora Goreth Marques de Souza, a Goreth do Buji, assumirá a secretaria de Educação.

A secretaria de Ação Social ficará a cargo da empresária Roberta Alves Cardoso, esposa do vice-prefeito Cristiano Cardoso. O secretário do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Paulo Alberto Resende Mendes, assumirá a pasta de Agricultura e Pecuária enquanto a secretaria de Obras será gerida pelo empresário Cléver Maia Resende, o Cléver do Nidei.

Duas novas secretarias serão propostas à Câmara no início da administração. A Secretaria de Cultura e Turismo, que será assumida pela cantora Lee Dicristian, filha da prefeita e a Secretaria de Esportes, pelo militar reformado José Eduardo Cardoso.

Câmara Municipal

A cerimônia de posse dos novos vereadores eleitos em outubro elegeu a nova mesa diretora para o biênio 2013-2014. Foram eleitos o vereador Antônio Maia de Freitas (PV), o Toninho Militão, para o cargo de presidente e Paulo Teixeira Resende (PP) para a vice-presidência, ambos da base aliada à prefeita Cristina.

Para o cargo de secretário, foi eleito em segunda apuração o vereador Leonardo Azevedo Silva (PT). Na primeira apuração, o vereador Wesley Marques de Souza (PRTB) foi eleito para o cargo de secretário. Entretanto, ele pediu a palavra e renunciou ao cargo alegando não conformidade com a presidência eleita, já que Toninho Militão “não havia sido o seu candidato”. 

Confira as fotos da posse.









quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Rezar?

Artigo do sociólogo Roberto DaMatta, publicado em O Globo de 26 de setembro de 2012

Rezamos todos ou a reza, como reza o hábito, é um atributo (ou um privilégio) dos que acreditam em alguma coisa? Acreditar é um verbo poderoso. Talvez o mais poderoso de todos porque ele afirma algo que é ou não é, dependendo do ponto de vista. Eu acredito em Deus!, diz Francisco; Eu não!, responde José. Acredito que o mundo vai acabar em dezembro deste ano e que o mensalão é obra das elites reacionárias, de uma imprensa corrompida e de um Supremo Tribunal Federal golpista, dizem os defensores de Lula.

O pragmatismo inocente afirma que "gosto não se discute", mas, se aplicarmos isso ao verbo crer, o mundo se abre a uma torrente de loucuras. De fato, aprendemos que o verbo acreditar também tem limites. Não há como acreditar em Papai Noel ou que a morte não exista fora dos simbolismos culturais e religiosos. Crer é um direito e um ato de fé.

Há quem acredite em X, Y e Z, há quem não acredite em X, Y e Z. Então X, Y e Z têm um lado oculto (ou tenebroso) que a suposta luminosidade do crer não alcança. O não crer obriga o crente a ver o todo. O crer, por seu turno, leva o cético a ver o lado que lhe falta e que ele imaginava não existir.
Essa pobre meditação é o resultado de um fato concreto e do meu mal-estar relativo ao mundo politico brasileiro.

Primeiro, o fato.
Morre uma professora dedicada. Eu não a conheci, mas, pelas mensagens que recebo, relembro como é dura a reconciliação com a presença concreta da morte para seus entes queridos. Eis que, no meio das mensagens, um padre solidário com a perda espera não constranger os seus colegas ateus com suas preces. Poucas vezes me deparei com um exemplo de tamanha delicadeza e sensibilidade. Que os ateus me desculpem, eu não rezo para ofendê-los, diz o padre.

Como um conforto ao sacerdote, eu desejo sugerir que todos rezam. Uns acreditando, outros sem acreditar. Mas, diria um crente, como rezar sem um Deus? Ora, responderia o ateu, e como rezar para divindade se o rezar é um ato pelo qual se aceita o mundo tal como ele é? Na sua bondade e maldade, nas suas trevas e luzes? Mais do que reconhecer, suplicar ou tentar estabelecer um contrato com as divindades a prece é, já dizia Mauss, o ato religioso mínimo para entrar em contato com o sobrenatural que nos cerca e aterroriza, sejamos crentes ou ateus.

Rezar é reconhecer nossa finitude, fraqueza, carência, angustia e solidão. É admitir que vivemos numa totalidade que não podemos conhecer completamente. É um ato que pertence ao que Gregory Bateson chamou de "uma ecologia da mente". Pois quando rezamos suspendemos o aqui e agora dominados pelo eu para irmos de encontro ao todo. Rezar é admitir que há no mundo seres e situações estranhas, acima (ou abaixo) dos elos entre meios e fins. Há quem use um canhão para matar um passarinho e quem tente enfrentar gorilas com poesia. O mundo não é claro como querem os materialistas, mas também não é absolutamente escuro como desejam os crentes.

Eu ando rezando às claras e às escuras. Vejo no Brasil que julga o mensalão um dado novo e alarmante para os poderosos de todos os matizes e de todas as estirpes.
Esse é um julgamento que pela primeira vez na nossa história vai traçar limites não apenas para quem cometeu ilegalidades no poder, mas nos contextos ou situações engendradas por quem o ocupou e, sobretudo, por quem se deixou ocupar pelo poder.

Meu mal-estar com relação ao Brasil tem a ver com a força de quem tem certas crenças. E, para quem tem certas crenças, os fins justificam os meios. Ser poderoso é, no Brasil, bradar pela ausência de limites. Será mesmo possível punir um poderoso no Brasil? É possível aceitar o erro de um petista mesmo sendo petista? Pode-se admitir que os petistas, como a maioria dos seres humanos, são também ambiciosos e podem errar, como foi o caso do mensalão e, pior que isso, o aliar-se em São Paulo ao sr. Maluf?

Pode-se ser de esquerda deixando de lado a chamamento milenarista que promete um mundo perfeito quando perpetuamente governado por um messias? Seria possível ter no Brasil uma administração pública na qual oposição e situação aceitem os seus erros e tenham consciência dos seus limites?

Será que hoje não estamos num tempo no qual a ética tem sido comida pelo político e pela "política da coalizão" que foi a alma do fato em causa? Politizar negativamente é impedir a visão do todo como sendo feito de parcelas diferenciadas. Se você, leitor, concorda comigo, reze. Se não concorda, reze por mim.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Cuidado com a rede

Temos acompanhado nos últimos tempos um avanço “monstruoso” do acesso das pessoas à internet, principalmente às redes sociais como o Orkut, Facebook e o Twitter. Com a facilidade de aquisição de equipamentos que permitem esse acesso, é possível considerar que a população de hoje tem grande conhecimento do ambiente virtual e, em sua maioria, mantém até mesmo uma “segunda vida” na internet.
As redes sociais são os maiores ambientes de interação social que a rede dispõe. Com recursos de fácil utilização e conteúdos de interesse direto do indivíduo, se configuram como espaços de grande compartilhamento de conteúdos como textos, fotos, músicas e vídeos. Mas nem sempre a rede é um ambiente seguro, principalmente se o usuário não se preservar aos cuidados necessários na sua utilização.
O compartilhamento de informações é hoje um dos grandes ganhos da população brasileira, uma vez que o direito à liberdade de expressão foi, por muito tempo, censurado pelos governos ditatoriais. A Constituição Federal de 88 nos resguardou a liberdade à manifestação do pensamento, desde que vedado o anonimato. E é aí que, na maioria dos casos, se concentra o problema.
 Não satisfeitos com o uso da rede como entretenimento ou mobilização social para o exercício dos seus direitos, o usuário desliza ao utilizar a rede para ataques pessoais ou expor conteúdos que possam, posteriormente, denegrir sua imagem e causar efeitos negativos irreversíveis. E a partir do momento que o indivíduo posta ou compartilha qualquer informação, ele é responsável pelas consequências daquilo que repassou.
A postagem de fotos, por exemplo, deve ser cautelosa, respeitando os princípios de privacidade das pessoas. Não é recomendável postar fotos de outras pessoas em momentos de vexame sem o seu consentimento. Isso pode causar inimizades e até mesmo processos judiciais por difamação.
Outro ponto que se de deve ressaltar é a manifestação individual contra instituições privadas e públicas ou mesmo postagem de fotos indevidas feitas na empresa onde você trabalha. Recentemente, a Justiça deu ganho de causa a um hospital que demitiu uma enfermeira por postagens de fotos do local do trabalho no Orkut. A profissional ganhou em primeira instância no tribunal de Olinda (PE), entretanto o Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília, reconheceu que as fotos postadas expunham outros profissionais e pacientes em momentos até mesmo delicados, como cirurgias. A enfermeira foi demitida por justa causa.
Com base nesses fatos, ressalto aqui o cuidado necessário para a utilização da rede para a postagem de informações, fotos e até mesmo em comentários de outras postagens. A liberdade de expressão é garantida nesses meios, mas boas doses de responsabilidade e bom senso não fazem mal a ninguém. Evite usar a rede em momentos de frustração e também para desabafos que não irão acrescentar em nada para a sua vida e de outras pessoas. Explore ao máximo os recursos que que esses ambientes dispõem, mas seja cauteloso e pense duas vezes antes de publicar qualquer informação que possa ter efeitos negativos para você. 

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

"A pessoa é mais importante"


Pianista reconhecida internacionalmente por seu talento, Mirta Herrera fala de sua experiência profissional e, ainda, sobre a importância da humildade na vida do músico

Depois de construir uma sólida carreira em países como a Suíça, Alemanha e Itália, a pianista argentina Mirta Herrera participou do 23° Inverno Cultural da UFSJ, mostrando a sua sensibilidade artística e discutindo a relevância da música como identidade de um povo. Nascida em Buenos Aires, Herrera hoje reside em Roma, na Itália, aposentada como professora de Música do Conservatório Italiano. Em entrevista, a primorosa pianista fala sobre a sua carreira musical e a sua paixão por compositores consagrados.


Quando a senhora descobriu esta habilidade com o piano? O que mais te motivou a construir esta carreira de sucesso que possui?

Bem, habilidade acho que não descobri. Amor pela música eu descobri, porque acho que não foi facilidade. Não sou uma pessoa que tem muita facilidade. Amor pela música sim. Muito cedo, era pequena, tinha cinco, seis anos. Eu gostava, em minha casa tinham comprado um piano para a minha irmã mais velha. Eu queria tocar e começaram a dar-me alguma aula, porque eu tocava como qualquer criança. Então, pensaram: ´melhor que tenha alguma aula, porque senão vai estragar o piano’. Eu gostava e aí comecei assim.

Dentre as peças que apresenta, qual delas tem uma proximidade maior com seu estilo e seu gosto pessoal?

Eu gosto muitíssimo de tocar Bach, adoro. Gosto demais também de alguns românticos como Schumann e Schubert. E dedico ainda muito interesse à música latinoamericana, sobretudo à música argentina.

Em seu repertório, a senhora apresenta peças de grandes compositores do mundo inteiro como Bach, Schubert e de Piazzolla. Explique o que possibilitou a escolha destes nomes, salientando os pontos principais de sua formação.

Bach eu sempre toquei, porque gostava muito quando eu era pequena e depois, sabe, muda um pouco o gosto ao longo da vida. Bach sempre foi o meu grande amor. Como o primeiro amor, que você nunca vai esquecer, mas também tenho outros amores. Estes mudam. Às vezes eu tenho muita vontade de tocar Schumann, outras vezes tenho muita vontade de tocar Mozart. Quanto à música latinoamericana, isso começou há dez anos. Mais ou menos quando comecei a ter mais interesse pela pesquisa também da música latina em geral.

Em uma de suas palestras realizadas no Inverno Cultural, a senhora falou sobre a música de câmara e o solo, além de aspectos da cultura argentina. Como a senhora define a importância da cultura musical de um povo?

Na música argentina, é lamentável que somente o tango seja conhecido, no momento. E a música argentina é muito mais do que isso. Eu comentei com os meninos da oficina, que na Europa pensam que o Brasil é apenas carnaval e acabou aí. Não sabem o que este país tem de maravilhoso como música. O folclore brasileiro é uma coisa única, fantástica. Apesar de a música brasileira ser ainda mais rica como variedade, a cultura argentina, de onde derivam muitas composições dos compositores eruditos, é fantástica também. E ninguém conhece. Por isso que eu fiz esta palestra na oficina, vimos alguns DVDs, escutamos, falamos muito nisso. Porque acho que é importante que se conheça outra música, porque tem tanta música bonita para se escutar. E, quando eu estou aqui, aprendo muita música brasileira. Hoje os meninos me deram cópias de música brasileira de presente. Foi o presente mais bonito para mim, porque não posso comprar na Europa, não encontro. Eles fizeram dois livros.


Como a senhora resume esta passagem pela cidade de São João del-Rei? O que mais apreciou na cidade?

Adorei o festival. A cidade eu já conhecia e acho maravilhosa. A cidade é bonita e tem uma luz da qual eu me lembrava. É uma luz particular que só quem não mora aqui pode perceber. Então, o morador pode não apreciar como eu, que moro noutra cidade, aprecio. É uma luz particular. Os meninos da oficina são uns amores. Realmente, eles criaram um ambiente muito simpático, eu me senti muito bem. E também tiveram os eventos, que, naturalmente, não pude escutar muita coisa, pois tinha muito para fazer, mas as coisas que consegui escutar foram fantásticas. A cidade é cheia de cultura, uma maravilha.

No fim da oficina, a senhora conversava com o professor de música Vladmir sobre a competitividade e a união entre os músicos. O que você acredita que seja melhor para a vida de um músico?

Olha, eu acho que a primeira coisa a pessoa é mais importante. Essa pessoa pode ser um músico, pode ser um médico, um jornalista. Cada um faz uma coisa, ou ao menos pretende fazer alguma coisa. Entre os músicos, entre as pessoas que fazem alguma coisa no cenário, há muita competitividade. Tem muito essa coisa de ‘é o melhor’. Eu não concordo, porque eu acho que no mundo tem lugar para todos e para todos os trabalhos, todas as coisas são importantes. O mais importante é fazer com entusiasmo e com a boa intenção de fazê-la bem. Em qualquer trabalho, como, por exemplo, a pessoa que limpa as cadeiras desta sala, deve procurar fazê-lo bem. É um trabalho tão importante quanto tocar piano, eu não acho que um seja importante e outro não. Tudo é importante para que o mundo funcione. Não acredito que aquele que toca melhor é mais importante.

Gostaríamos que deixasse uma mensagem de motivação aos jovens músicos e pianistas que pretendem uma carreira de sucesso espelhados em grandes artistas como Mirta Herrera.

A carreira de grandes sucessos depende muito do que a pessoa consegue fazer e, às vezes, também da sorte, como todas as coisas na vida. Eu acredito que o mais importante é fazer as coisas com honestidade. Honestidade com a gente. Tenho que ter a convicção que estou fazendo bem para as minhas possibilidades e pode ser que outro tenha mais possibilidades que eu tenha. Eu faço o melhor que eu posso. Depois, na vida você nunca sabe. Depende dos encontros que você faz. Há pessoas que sabem trilhar caminhos de sucesso e outras que não sabem, por mais que se empenhem. A vida é assim com todas as profissões.


Entrevista Publicada em 28/07/2010 no site da Universidade Federal de São João del-Rei